Marcos Valle retorna em grande estilo em “Sempre”, seu novo álbum que dialoga abertamente com a cultuada fase boogie da discografia do artista. Sem tirar o olho do futuro, o disco é um testemunho da contínua busca por desenvolvimento e reinvenção que definiu a carreira de Valle ao longo das décadas. “Sempre” já está disponível nas plataformas de música digital.
O trabalho mistura disco, sambaião e o jazz-funk de fim de noite, essência de músicas como “Estrelar” (1983) e “Bicicleta” (1984). As letras trazem o espírito progressivo dos seus álbuns do início dos anos 70. Elas falam de temas universais, do amor, da tolerância, da vivência do presente, mas também fazem uma crítica irônica à corrupção. Um dos destaques do álbum é uma versão para o hit “Aviso Aos Navegantes”, de Lulu Santos.
Desde faixas dançantes como o single “Olha Quem tá Chegando” e “Vou Amanhã Saber”, que trazem arranjos de metais escritos por Marcos Valle e Jessé Sadoc, até o funk dançante “Odisséia”, com seus nove minutos de duração, Valle divide a produção do álbum com o produtor londrino Daniel Maunick, que também produziu o álbum “Estática”.
Com mais de 5 décadas de carreira, Marcos Valle começou sua carreira nos anos 60, como um dos compositores da chamada segunda geração da Bossa Nova. Ele compôs o mundialmente famoso “Samba de Verão (Summer Samba – ou – So Nice)” para o seu segundo álbum “O Compositor E O Cantor”. A canção fez história ao entrar no Guinness Book of Records como o única faixa a ocupar Top 40 da Billboard com três versões diferentes ao mesmo tempo, incluindo uma interpretação de Johnny Mathis.
Após um breve período nos Estados Unidos, Valle retornou ao Brasil e no início dos anos 70 lançou quatro álbuns que incorporaram rock progressivo, influências psicodélicas, pop, jazz, soul e arranjos cinematográficos. Esses álbuns traziam Marcos Valle trabalhando ao lado de várias bandas brasileiras influentes, como a Som Imaginário, a banda de rock progressivo O Terço e o trio de jazz funk Azymuth, ao qual se tornou padrinho.
Em meados dos anos 70, Marcos voltou aos EUA e iniciou parcerias com Leon Ware (ex-parceiro e produtor de Marvin Gaye), e com o grupo Chicago, além de gravar com Sarah Vaughan, dividindo a faixa “Something” do álbum “Song of the Beatles”. Após ter cantado com Sarah em seu próprio disco, Marcos apresentou a ela algumas de suas músicas, o que a fez querer gravar o álbum “I Love Brazil”, onde interpreta apenas canções brasileiras, incluindo duas composições de Valle, “If You Went Away” (que Sarah interpretou no programa “The Johnny Carson Show” ) e “The Face I Love”.
Já a colaboração com Leon Ware rendeu mais de doze parcerias, uma delas sendo “Rocking You Eternally”, faixa título de um dos álbuns mais respeitados de Ware. No início dos anos 80 e de volta ao Brasil, Marcos trouxe para a MPB um jazz fusion swingado que fazia sucesso no exterior, mesclando com um clima de praia para os cultuados “Vontade de Rever Você” (1980) e “Marcos Valle” (1983).
Desde o início da década de 90, ele vem trabalhando com a gravadora Far Out Recordings, com sede em Londres, onde sua abordagem musical permaneceu, como sempre, decididamente aberta a novas influências, possibilidades e tecnologias. Desde então e sem nunca parar, Valle fez trilha sonoras, trabalhos instrumentais, longas turnês por todo o mundo, trabalhos com música eletrônica e uma redescoberta do seu trabalho seminal dentro da bossa nova. Ao mesmo tempo que isso acontecia, sua obra era ressignificada através de samples de artistas como Jay-Z, Kanye West, Pusha T, Capital Cities e Loyle Carner.
Com os singles “Alma” e “Olha quem tá chegando”, “Sempre” é um lançamento do selo Conecta Produções no Brasil e está disponível em todas as plataformas de música digital.